Correntes de retorno
Você sabia que a maior parte dos afogamentos e resgates em praias seguem um padrão? E, melhor, que você pode evitar uma situação dessas sem deixar de ir à praia?
Nós estivemos conversando com alguns guarda-vidas uruguaios (sim, uma de nós está curtindo as praias da terrinha do Mujica) sobre como é esse trabalho e o que se pode fazer para desfrutar do banho de sol e mar sem correr perigo.
Fonte: Reprodução
Como todo texto fica mais claro com uma introdução... O Uruguai possui praias hermosas (tanto atlânticas como de agua doce, ou até as duas "fusionadas", já que o Río de la Plata é tão largo que aqui o chamam de mar). Todas essas praias são muito procuradas no verão por uruguaios, mas também por muitos estrangeiros, principalmente argentinos e brasileiros (ver os nossos carros por aqui é algo bem corriqueiro). Para se ter uma ideia da importância do turismo - muito associado à zona costeira - para este pequeno grande país, aqui anualmente chega uma quantidade de turistas internacionais, que contabiliza aproximadamente a metade do que recebe o Brasil (que é cerca de 50 vezes maior em extensão).
Por isso, hoje, nas praias banhadas pelo oceano atlântico e pelo Rio de la plata trabalham mais ou menos 750 guarda-vidas, do mês de dezembro à março. Para que estes atuem, precisam fazer um curso teórico-prático durante 1 ano, passar em uma prova e, então, começar a laburar de verdade. Sendo que, a cada ano, necessitam renovar suas habilidades, com treinamento físico. De uma forma resumida, o trabalho dos guarda-vidas consiste em observar as condições da praia e os banhistas que a frequentam, avisar sobre essas condições da praia e realizar resgates quando necessário. Como na nossa costa, a cor verde da bandeira significa "praia apta para banho", a amarela "precaução", e a vermelha "perigo".
Fonte: Equipe Sou Praia.
Mas, indo ao que interessa, no curso teórico eles aprendem que a grande maioria dos afogamentos e resgates ocorre em condições de correntes de retorno (chamadas aqui chupones). Essas se formam quando a quebra das ondas que chegam as praias ocorre em uma certa faixa de ângulo com a linha de costa, havendo uma transferência de parte da energia da quebra para um canal de água resultante (similar a um riacho) que vai em direção ao mar. Isso é, tem força e potencial de levar uma determinada pessoa para longe da areia. A parte boa é que essa corrente pode ser reconhecida até antes de se entrar na água.
Dois indicadores bem comuns das correntes de retorno são:
1) Em uma praia com quebra de ondas praticamente contínua ao longo de sua extensão, a zona de corrente de retorno se visualiza pela "falha" dessa quebra, já que o canal formado tende a interromper a dinâmica das ondas, por estar indo em direção praticamente contrária.
Fonte: Rip Current Symposium
2) Os guarda-vidas normalmente colocam bandeiras vermelhas na areia para avisar a localização de zonas de correntes de retorno, ou seja, de maior perigo.
Fonte: Reprodução
Se mesmo assim você cair nessa sem querer: calma! de verdade! o que você deve fazer é manter-se tranquilo, deixar-se levar para fora (por incrível que pareça) e, quando sentir que já não está mais sendo puxado pelo mar, nadar paralelo à costa e voltar com as ondas, onde elas realmente estão rompendo, até chegar à faixa de areia. E, claro, tudo isso se um guarda-vidas não te ver e resgatar primeiro. Chega a ser tragicômico, mas esse procedimento é confiável sim! Como sempre se diz, numa hora dessas o melhor a se fazer é manter a calma.
