Altas ondas e conservação!
- soupraia
- 10 de fev. de 2015
- 3 min de leitura
Que o surfe é uma prática de esporte mundialmente conhecida não é novidade para ninguém, o que muita gente não sabe é que no Brasil nós não temos áreas definidas para a prática e manutenção das condições para esse esporte. Além disso o surfe não é só reconhecido como hobbie ou profissão, mas também filosofia de vida e, a indústria por trás de tudo isso movimenta bilhões de Obamas.

Fonte: Reprodução
Agora imagine você surfista, querendo aproveitar ou até mesmo treinar e precisa disputar uma vaga em uma praia que já foi invadida pela especulação imobiliária, pelo turismo nautico, pelos jet skis, pela poluição etc etc. Deve ser realmente desanimador, principalmente para aqueles que buscam estar em um ambiente natural e usufruir dos benefícios que o mar e a natureza os proporcionam.

Fonte: Reprodução
As reservas de surfe influenciam exatamente na manutenção do local e, é claro, da onda. Desta maneira, evitam as possíveis mudanças na morfodinânica da praia, derivadas da urbanização e de obras de engenharia, a fim de manter as características do lugar, visando o surfe e a qualidade dos serviços ambientais.
Já não é de hoje que surfistas brasileiros reinvindicam por uma política de representação que defenda a proteção das praias onde o surfe é praticado.
A iniciativa mais recente é da ong Ecosurfi http://ecosurfi.org/. Eles defendem a criação “ÁREAS DE SURF PROTEGIDAS (ASP), instituídas por uma política nacional própria, que reconheça a importância das ondas no aspecto cultural, social, econômico, filosófico e, sobretudo, todo ativo ambiental desses recursos naturais para o desenvolvimento sustentável das comunidades litorâneas”. Trocando em miúdos: Praias propícias ao surf protegidas! Bem longe da realidade que temos hoje.

Fonte: Reprodução
No contexto mundial, para uma praia ser regulamentada como reserva de surfe, primeiramente deve inscrever-se para ser avaliada pela associação Save The Wave Coalition. O processo de avaliação envolve requisitos como: qualidade e consistência da onda, caracteríticas ambientais, surfe, cultura, história da região e apoio da comunidade local.

A praia Guarda do Embaú, no litoral catarinense, está em processo de análise por esta associação para tornar-se a primeira reserva mundial de surfe no Brasil.
Praia Guada do Embaú, Santa Catarina- Brasil. Fonte: Reprodução.
No mundo, atualmente existem 6 delas, que são:
- Bahia de Todos os Santos Reserva Mundial de Surfe (México)
- Ericeira Reserva Mundial de Surfe (Portugal)
- Huanchaco Reserva Mundial de Surfe (Peru)
- Malibu Reserva Mundial de Surfe (EUA)
- Manly- Freshwater Reserva Mundial de Surfe (Austrália)
- Santa Cruz Reserva Mundial de Surfe (EUA)

Reservas mundiais de surf. Foto: Reprodução.
E em processo, já com as avaliaçãoes aprovadas, a praia de Punta de los Lobos, no Chile, pode ser considerada como mais uma reserva de surfe mundial.

Punta de los Lobos. Foto: Philip Muller.

Delimitação da reserva de surfe na Praia de Malibu, EUA. Destaque para os limites que incluem os 3 pontos principais de quebra de onda. "Onde rolam as clássicas”. Fonte http://www.worldsurfingreserves.org/malibu[b1]
Entretando, existe o outro lado da criação destas reservas. Para lugares que hoje são desconhecidos pelo turismo de massa, incluindo também a galera que vai pegar uma ondinha, a regulamentação de uma reserva de surfe acarretaria na divulgação do lugar e, por consequência, atrairia muito mais turistas e, toda a degradação que o turismo convencional carrega consigo, além, é claro, da “crowd” no mar . De maneira geral, as pessoas que vivem no local há um tempo considerável, os chamados “locais”, podem formar o bloco contrário à criação de reservas pois, priorizam a qualidade do local no qual vivem e têm apreço.
Mas a história do localismo já é assunto para outro post...
Fonte:
http://www.worldsurfingreserves.org/reserves
http://ecosurfi.org/site/?page_id=893
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